A gente, criadores de plantão, tem essa incrível mania de fazer o melhor, temos as ideias mais incríveis do mundo, mas elas mal conseguem sair do papel porque ainda não estamos prontos para realizá-las. Querem saber de uma coisa, isso me cansa, de eu mesmo, e muito mais, ver isso nas outras pessoas. Digo, me gasta a alma ver projetos incríveis não saírem do bla bla bla. Isso tudo só dá a impressão de que além de ser uma dessas pessoas, eu estou cercado delas. Que merda está acontecendo? É alguma maldição que diz que não podemos fazer errado, começar com os carros na frente dos bois? Nem a Bruxa do 71 achou o Satanás e que pau de zica a gente tá fazendo aqui nesse mundinho incrível das melhores ideias do mundo?
Vou contar brevemente o meu caso: comecei uma animação 3D, A Invenção da Geladeira, me apaixonei pelo processo de criação sem saber se era daquele jeito mesmo que se fazia, desenvolvi um bom pedaço e nunca perguntei a alguém se aquilo tudo estava certo ou errado. Obviamente só queria contar uma história de uma forma que não fosse apenas escrever um texto e pedir para que as pessoas lessem. E quando tudo isso ficou nos meus sonhos? Quando comecei a acreditar que o que eu estava fazendo estava sendo feito de forma “errada”, criei um bloqueio em que deveria aprender tudo o que fosse possível para tornar aquela criação uma realidade.
Quer saber? Se há um formato certo, eu declaro morte a ele! Isso mesmo! Morte a qualquer receitinha quadrada de processo criativo! Bloquear-se assim só nos deixará na retaguarda e nos deixará a mercê do mundinho do “eu não sei fazer” e do “eu não tenho tempo”. Fala sério, a Bruxa do 71 é um personagem imaginário criado pela turma do Chaves para justificar o medo de lidar com a dona Clotilde (moradora do apartamento 71). Digo mais, medo e falta de tempo é uma masturbação mental e se a gente não está fazendo o que queria fazer é porque estamos nos rendendo a nossa própria masturbação. Porra! Vai lá e faz, pronto, simples assim.
PS: Retomei agora mesmo o projeto da “Invenção da Geladeira” e não estou nem aí para quem achar que eu não estou pronto. Afinal, já dei um murro na minha própria cara e percebi que eu era esta pessoa.